11/11/2009

Castanho-Laranja-Mel


Mesmo a calhar, o Outono e o fresco da manhã. As cores não se agrupam por acaso. Por estes dias só me apetece o castanho, o verde-terra, os tons da madeira, os tons quentes. O colar de hoje aquece-me a vista e o colo. Quando coloco os dedos sobre ele, devolve-me calor, que sensação mais aconchegante, agora que há por aí gripes e gente que tosse e não pára. Nestes dias de Magusto prolongado, sabe bem fazermos conjunto com o tempo, lá fora. Podemos sempre colocar um apontamento diferente, como aquela folha verde-persistente numa copa castanho-laranja integral. Ainda não me apetece o vermelho. Só o de ontem, que fez felizes os meus dois adeptos mais calorosos. Vermelho ainda não. Castanho, escuro, claro, alaranjado. Sândalo. Cores e cheiros que se combinam na perfeição. De repente, estou a lembrar-me de um sem número de possibilidades, de combinações para os meus artefactos. Não está fácil recuperar as minhas caixas de trabalho… tenho lá duas “caixinhas cheias de tesouros que perguntam por mim”, diariamente, às quais sou incapaz de virar costas, tal é o sorriso que me oferecem.
Vou voltar aos castanhos em força, castanhos diferentes. Com cheirinho a castanhas assadas que saem das mãos enfarruscadas dos vendedores – nada mais típico! Lá vou eu, rua Augusta a fora, luzes ao longe (só espero que não sejam néon, este ano. Fazem falta os tons quentes, os amarelos, os laranjas, dourados), botucha Mustang-mel, corsários em banda, malucha de pele das boas (oferta da mã), aquele sempre eterno lenço (seja Inverno ou Verão), casaco militar de pele-mel, pronta para sentir esse cheiro que só Lisboa tem no Outono.
Oxalá chova amanhã, e faça algum vento, caiam as folhas, amarelo-alaranjado, e rodopiem à nossa volta - a nossa “cereja em cima do bolo”, tal castanha no antes jornal, agora pacote. Esqueçamos o pacote, concentremo-nos nas quentinhas, a estalarem na brasa.

Sem comentários:

Enviar um comentário